terça-feira, 4 de março de 2008

O Garoto do Sinal



Por diversos momentos você se sentiu só, em outros duvidou que existisse, são inúmeras as ocasiões em que encontramos este perturbador sentimento, principalmente, quando não exterioresamos nossa gratidão mais profunda, aquela que nos faz valorizar cada fragmento de nossas vidas e sermos gratos por ela. Neste momento nos transportamos a nossa infância, aos cheiros e sentidos vividos em nostálgica época, é neste instante que o mundo que nós conhecemos se desfaz em segundos, apenas ao olhar nos olhos do ser que provavelmente nunca sentirá tão belas recordações. Você não sabe se ele dorme, ou se sonha, ou se um dia sentiu-se limpo por fora, sua alma já calejou castigos que hoje são anestesiados pelo corpo, tão pouco tempo de vida, tanta informação perdida, tantas incógnitas absorvidas, ele segue só, caminhando pela rua, do lado do sinal, você passou e nem olhou, ele notou, mas tão pouco importa, a noite se tiver casa e voltar também não será notado, filho de uma sem razão e um sem coração, talvez ele esvazie os bolsos sobre olhos frios, sim foi tudo que deu para ganhar hoje no sinal, e o jantar? É tarde passa da meia noite! Algo não foi catado no lixo, nenhum resto, ou sobra. Será que o garoto do sinal faz como a gente? Deita em sua cama e reflete sobre seu dia? Ou estará mais ocupado pensando nas dores do corpo, na ardência da fome, ou tentando com sua limitada mente simular um carinho que nem se quer sabe imaginar? O sinal abre, nem parece que pela janela do carro ao olhar nos olhos daquele menino, trinta segundos pudessem revelar tanto sobre sua vida, a que ele não compreendia, e que nunca falou sobre ou simplesmente ninguém quis ouvir.